quarta-feira, 31 de julho de 2019

O Retorno do Rei ao Baenão


Depois de longos 5 anos sem poder jogar na sua casa, o Leão Azul voltou a mandar jogos no Estádio Evandro Almeida, o Baenão. Vamos contar toda essa história que envolve Torcida, Clube, Estádio e Gestões.

Essa história começa bem antes de 2014. Em 2007, o Clube do Remo era o único representante paraense na Série B, seus concorrentes locais estavam todos em divisões inferiores. Foi o ano em que começou a gestão de Raimundo Ribeiro. É bem verdade, pegou o Clube cheio de dívidas, como todos os presidentes, pois o endividamento do Clube do Remo é crônico, assim como o de muitos clubes do futebol brasileiro. Entretanto, com uma gestão desastrosa, montou um elenco com mais de 40 jogadores, a maioria de qualidade duvidosa e somando-se a meses de salários atrasados, o resultado não poderia ser outro: rebaixamento. Não contente, Ribeiro repetiu a fórmula em 2008. Deixando o clube muito mais endividado do que encontrou, recebeu o clube na Série B e o deixou na Série D. Uma tragédia como gestor.

O Clube se encontrava sem possibilidade de angariar recursos, estando no limbo do futebol. Esta situação engendrou "soluções" miraculosas que buscavam vitimar o estádio azulino. A primeira delas foi em 2010, quando o então presidente Amaro Klautau tentou vender o Baenão para uma construtora levantar prédios de apartamentos no lugar, em troca, esta mesma construtora daria uma arena moderna no bairro do Aurá, na região metropolitana e mais alguns milhões de reais que serviriam para o clube quitar suas dívidas e montar um elenco. Klautau chegou a derrubar parte da fachada do estádio para acelerar o processo de venda no Conselho Deliberativo. A parte derrubada era a que continha o escudo do clube. Nem precisa dizer que era uma péssima ideia, graças aos céus, a venda não foi aprovada no CONDEL e a fachada foi reconstruída pela gestão seguinte.

Com o passar dos anos, os resultados dentro de campo não surgiam e a crise financeira do clube se aprofundava. Em 2013, o então mandatário Zeca Pirão idealizou o projeto da 'Arena Baenão', uma série de reformas visando modernizar o estádio azulino. Entretanto, não houve nenhum planejamento, nem muito menos de onde viria essa verba. Conclusão: Pirão saiu derrubando o estádio sem ter verba suficiente para levar a reforma até ao fim. Ele largou o estádio em ruínas. A arquibancada das Mercês foi totalmente destruída e a arquibancada da Almirante Barroso começou a ser destruída na sua gestão. Danos quase irreversíveis à estrutura do estádio. O seu mandato terminou, ele foi embora, o estádio em ruínas e o clube de cofres vazios e cheio de dívidas, sem ter como concluir as obras.

As gestões que se seguiram, pouco ou nada fizeram para retomar as obras do estádio. Quando em maio de 2017, um grupo de torcedores se uniu em um projeto chamado O Retorno do Rei ao Baenão. A partir de então, uma série de ações foi levada a cabo para arrecadar fundos para retomar as obras do estádio. Venda de camisas, shows, doações, coletas de moedas de R$1,00 nos jogos do clube, Encontro de Leões (torcedores pagaram ingresso e foram ao Mangueirão mesmo sem ter jogo para reverter fundos para a reforma fonte), sócios-torcedores destinavam as suas mensalidades ao projeto, grupos de torcedores faziam eventos por todo o Estado do Pará para angariar fundos, houve um torcedor que doou o gramado novo para o estádio. Enfim, moram muitas as ações para que enfim o Clube do Remo voltasse a mandar jogos no seu centenário estádio. (fonte)


Esta é uma história de amor de uma torcida pelo seu clube, mesmo contra aqueles que deveriam ser os primeiros a ter responsabilidade com o clube. A torcida do Clube do Remo em nenhum momento se conformou com a situação do clube e do seu estádio. Mesmo quando o Baenão completou seu centenário em agosto de 2017, ainda fechado, não esmoreceu. Se o Clube do Remo hoje volta a ter um estádio, é graças a sua torcida que nunca o abandonou. Mesmo diante dos péssimos resultados dentro de campo, sempre líder de público e arrecadação no Norte do Brasil. A tua torcida te levantou, Leão!

A Volta Para Casa...

Odisseia azulina: do descaso à iniciativa popular. Torcida e clube se unem para recuperar o Baenão:
https://globoesporte.globo.com/pa/futebol/times/remo/noticia/odisseia-azulina-do-descaso-a-iniciativa-popular-torcida-e-clube-se-unem-para-recuperar-o-baenao.ghtml

Como foi o retorno


13/07/2019
Campeonato Brasileiro Série C - 12ª Rodada
Remo 2x2 Luverdense-MT
Pagantes: 11.955
Renda Bruta: R$ 325.565,00
REMO: Vinícius, Geovane (Alex Sandro), Marcão, Fredson e Daniel Vançan; Yuri, Ramires, Carlos Alberto (Emerson Carioca) e Eduardo Ramos; Gustavo Ramos e Marcão Assis (Guilherme Garré). Técnico: Márcio Fernandes.
Gols do Remo: Marcão e Eduardo Ramos.
https://twitter.com/ClubeDoRemo/status/1151224675705528320

O Retorno do Rei.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Remo 7 x 0 Paysandu - Campeonato Paraense 1926

Da esquerda para a direita. Adriano Guimarães, Pedro Silva (Doca), Moacyr, Olavo Martins Leoncio, Manoel (Preá), Emílio Fiúza de Melo, Beranger Norat, Fulton de Paula e Eldonor Lima. Ruy Mendes não aparece na foto. Imagem do livro: História do Clube do Remo, Ernesto Cruz, 1969.

A era amadora do futebol paraense durou até 1946, quando foi disputado o primeiro campeonato da era profissional. Até então, os jogadores não recebiam salários para atuar por suas equipes, era a época dos sportman. O futebol era muito diferente, não existiam treinadores, eram os capitães das equipes quem dirigiam os treinamentos, montavam a equipe titular e ainda jogavam. Os 11 que disputam as partidas como titulares constituíam a chamada equipe principal, o primeiro quadro. Os demais eram chamados de segundo quadro e também disputavam o campeonato, em partidas paralelas ao jogo dos primeiros quadros.

O campeonato de segundos quadros era uma espécie de vitrine para os novos jogadores que buscavam seu espaço na equipe principal. Era como um campeonato de aspirantes, disputado em paralelo ao campeonato dos titulares. Lembrando que naquela época não existia divisões de base e todas as equipes tinham os seus primeiros e segundos quadros, pois quando havia uma partida, sempre existia a rodada dupla: primeiros quadros de A x primeiros quadros de B e segundos quadros de A x segundos quadros de B. Esse era o regulamento do futebol praticado naquela época.

Foi no dia 16 de janeiro de 1927, em partida válida pelo Campeonato Paraense de 1926, que se enfrentaram no campo da Curuzú, Remo e Paysandu. A partida dos primeiros quadros foi cheia de incidentes, com muitas brigas e agressões nas arquibancadas, como relatam livros e os jornais da época. Quando o time do Paysandu abandonou a partida, o placar estava 4 a 2 para o Clube do Remo. Entretanto, foi na partida dos segundos quadros, que houve o registro da primeira goleada por 7 a 0 no Clássico Rei da Amazônia.

16/01/1927
Campeonato Paraense de 1926
Estádio da Curuzú
Árbitro: Lauro Tavares da Luz
Remo (2º Quadro): Eldonor, Romeu e Beranger; Dudu, Fiuza e Fulton de Paula; Adriano Guimarães, Dedé Pamplona, Moacyr, Cordeiro e Leôncio.
Paysandu (2º Quadro): Ovídio, Druso e Rhossard; Louchards, Aluizio e Antonico; Brasileo, Dedé, Jaufret II, Gonçalves e Nenê.
Gols: Dedé Pamplona (4), Cordeiro (2) e Moacyr (1)

Fonte: Remo x Paysandu, 700 Jogos. O clássico mais disputado do futebol mundial. Ferreira da Costa, 2009.


quinta-feira, 18 de julho de 2019

Campeonato Paraense 2006

Regulamento: Dez clubes jogam a primeira fase entre si, somente em turno. Classificam-se para a segunda fase os quatro primeiros colocados. Na segunda fase os quatro classificados juntam-se aos quatro melhores colocados da temporada anterior. São divididos em dois grupos: A e B, com os oito clubes jogando entre si em turno, Taça Cidade de Belém, e returno, chamado de Taça Estado do Pará. Os melhores colocados de cada chave, fazem a final do turno em jogo únicoOs campeões de cada turno fazem a final em duas partidas. Caso um mesmo clube vença os dois turnos, é declarado campeão.

Grupo A: Paysandu, Abaeté, Castanhal e Águia de Marabá.
Grupo B: Remo, São Raimundo, Ananindeua e Vênus.

Campanha

Taça Cidade de Belém - 1º Turno

12/01 - Baenão
Remo 3x1 Castanhal /Crônica da Partida/
Pagantes: 14.546 (fonte)
Renda: R$ 143.200,00 (fonte)

15/01 - Baenão
Remo 4x1 Águia de Marabá /Crônica da Partida/

18/01 - Humberto Parente
Abaeté 1x1 Remo /Crônica da Partida/

21/01 - Mangueirão
Paysandu 0x2 Remo /Crônica da Partida/
Público: 46.379 (fonte)

25/01 - Baenão
Remo 4x0 Vênus /Crônica do Jogo/
Pagantes: 7.863
Renda: R$ 39.603,00

28/01 - Baenão
Ananindeua 1x2 Remo /Crônica do Jogo/

31/01 - Baenão
Remo 2x1 São Raimundo /Crônica do Jogo/
Público: 6.000
Renda: R$ 40.800,00


Final da Taça Cidade de Belém - 1º Turno

05/02 - Mangueirão
Remo 0x0 Paysandu
Pênaltis: Remo 3x4 Paysandu
Pagantes: 39.845
Renda: R$ 639.861,00

Taça Estado do Pará - 2º Turno

08/02 - Maximino Porpino
Castanhal 0x0 Remo /Crônica do Jogo/

12/02 - Zinho Oliveira
Águia de Marabá 2x2 Remo /Crônica do Jogo/

19/02 - Mangueirão
Remo 1x1 Paysandu /Crônica do Jogo/

02/03 - Baenão
Remo 3x1 Abaeté /Crônica do Jogo/

12/03 - Humberto Parente
Vênus 0x1 Remo /Crônica do Jogo/

19/03 - Baenão
Remo 1x0 Ananindeua /Crônica do Jogo/

26/03 - Barbalhão
São Raimundo 0x3 Remo /Crônica do Jogo/


O Clube do Remo fez uma ótima campanha, porém falhou nos momentos decisivos e ficou de fora da final do Campeonato Paraense de 2006. Dono da melhor campanha, terminou o campeonato invicto. Perdeu a final do 1º turno nos pênaltis e não se classificou à final do 2º turno pelo critério do número de vitórias. Poucos foram os que permaneceram do elenco que conquistou o acesso à Série B no ano anterior, apenas o goleiro Rafael, o zagueiro Magrão, o volante Odair e o atacante Landu, destes, só Landu foi titular na campanha do campeonato paraense em 2006. O técnico Flávio Campos apostava no esquema 3-5-2 e que funcionou até certo ponto contra equipes inferiores, mas sempre faltou um atacante definidor. O destaque da equipe fica para o meio-campista Maico Gaúcho, com jogadas em velocidade e belos gols de falta ou de chutes de fora da área, caiu nas graças da torcida. 

Elenco
Goleiros: Alexandre Buzzetto, Rafael.
Zagueiros: Magrão, Ricardo Henrique, Anelka, Bruno Itapagipe, Rodrigo.
Laterais: Léo, Émerson Ávila, João Pedro, Marcos.
Volantes: Beto, Maurício Oliveira, Fabrício, Odair.
Armadores: Maico Gaúcho, André Barata, Arthur, Paulista.
Atacantes: Landu, Maicon Carioca, Daniel, Felipe Mamão, Torrô.

O armador Maico Gaúcho foi o destaque azulino na competição.